“Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.” - José Saramago
Tudo é urgente. No mundo das tecnologias da informação a rapidez é idolatrada, incluindo mensagens do tipo “o futuro hoje”, entre outras tontas.
“Hypes” ou, em bom português, “euforias selvagens” ou “paixões fulminantes” se repetem em ciclos histéricos e prestam desserviços ao mundo real. Ressacas evitáveis de “novidades disruptivas” seriam minimizadas com um pouco mais de “calma” que, parece, se tornou um palavrão: como se “pensar”, “analisar”, “avaliar” não deveria preceder qualquer ação não urgente.
Na maior parte das vezes, fazer rápido demais não resulta em concluir em menor prazo e, muito menos, apresentar qualidade superior, pelo contrário. É como dirigir um carro acima dos limites e correr (literalmente) riscos desnecessários.
Observa-se pessoas fazendo rapidamente e tendo que refazer (também rapidamente) muitas vezes a mesma atividade. Há muita diferença entre distância percorrida e deslocamento. Bem melhor caminhar traçando uma reta entre entre origem e destino, do que correr desenhando linhas desnecessárias e em direções erradas. Isto, obviamente, como regra generalíssima.
Também considerar que não importa qual o verbo; se seguido por “demais” ou “de menos” indica desequilíbrio, desarmonia, entropia, mecanismos compensatórios e outros efeitos. Isto está em letras de músicas, em muitos livros, nos ditos populares e, infelizmente, é uma daquelas coisas óbvias que esquecemos, ou não queremos lembrar: trabalhar (demais ou de menos), descansar (demais ou de menos), correr (demais ou de menos), comer (demais ou de menos) "etecétara" (demais ou de menos).
Então.
Do livro “Devagar”, de Carl Honoré (ISBN 85-01-07210-9) foram extraídas algumas frases. Elas convidam a refletir e, talvez, ajudar a uma vida mais saudável e produtiva.
“Hoje o mundo está com a doença do tempo. Mergulhado no mesmo culto da velocidade. Qual a cura para essa doença? Será possível ou desejável moderar o ritmo?”
“Que fique claro: isto não é uma guerra à velocidade – ela é importante. O problema é nossa obsessão, está indo longe demais, numa espécie de idolatria. O excesso acaba nos tornando improdutivos, sujeitos a mais erros, infelizes e doentes.”
“Percebemos o preço a ser pago pela velocidade implacável turbinada pelas revoluções tecnológicas. Elas aceleram a globalização das conexões e criam celulares cada vez mais eficientes, invasivos e inconvenientes. Pessoas estão reivindicando o tempo delas e querem desacelerar.”
“É inevitável que uma vida de correrias acabe se tornando superficial. Quando nos apressamos, podemos aflorar apenas a superfície. Todas as coisas que nos unem e fazem a vida valer a pena dependem daquilo que nunca dispomos: tempo.”
Pense sobre menos rápido mas também não muito lento - equilibradamente. Tente não pensar demais nem de menos.
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